sábado, 27 de fevereiro de 2010

A Moça, a Praça, A Prosa, a Flor e o Azul

(Moça vestida de Azul M - Atento Romântico R)

R - Oi, como vai?! Posso me sentar?

M - Sim, claro, a praça é pública. Nos conhecemos?

R - Ainda não sei, tenho uma leve impressão que sim

M - Como Assim está a me falar sentado
ao meu lado sem saberes se me conhece ou não?

R - Simplesmente não sei,
mas imagino que alguém que senta
numa praça sem lago aguarda alguém pra conversar.

M - Como podes saber?
se acha mesmo um sabichão não?

R - Não é bem isso... está vendo aquela
flor no canto da praça? Espera que eu já volto. ; )

M - Sim, eu vejo, mas o que que tem a flor? Não venha
dar uma de galanteador barato pra cima de mim rapaz.

R - É... mesmo assim essa flor é sua. Poderia ser nossa!
Essa praça nunca teve flores, só um ralo gramadinho
que insiste em sobreviver pra formar um belo tapete.

M - Rsrs voce me Parece enigmático homem.
Como conheces tanto e esperas tudo assim dessa flor?

R - Como voce hoje, já passei muitos dias sentado
nessa praça, e penso que essa flor de dia raro
nasceu pra celebrar esse momento, que aliás,
moça que reflete o céu, te ver aqui rebatendo a luz
me mostrou um lindo dia pra reviver esse lugar.
E pelas tantas vezes que passei horas sagradas
aqui sentado conhecendo melhor meu Eu, então,
pensei te conhecer, como eu acredito que me conheço...

Anjo Azul e o Tolo Antiquado (1º Encontro)

Um comentário:

  1. "Uma moça vestida de azul, sentada no chão de uma praça sem lago. Não poderias saber nada de mais absoluto sobre ela, a não ser ela própria. Fazendo perguntas, tu ouvirias respostas. Nas respostas ela poderia mentir, dissimular, e a realidade que estava sendo, a realidade que agora era, seria quebrada. Pois, não fazendo perguntas, tu aceitarias a moça completamente. Desconhecida, ela seria mais completa que todo um inventário sobre o seu passado. Descobririas que as coisas e as pessoas só o são em totalidade quando não existem perguntas, ou quando essas perguntas não são feitas. Que a maneira mais absoluta de aceitar alguém ou alguma coisa seria justamente não falar, não perguntar - mas ver... Em silêncio." (Caio Fernando Abreu)

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